A Autoridade de Regulação Nuclear do Japão anunciou oficialmente, nesta quarta-feira (13), que o reator nº 2 da usina nuclear de Tsuruga, localizada na província de Fukui, não foi aprovado na revisão de segurança necessária para seu reinício. A aprovação era uma condição obrigatória para que o reator pudesse voltar a operar.
Contexto histórico e regulamentar
Esse é um marco na história da regulação nuclear japonesa, pois, desde a criação do órgão regulador em 2012, esta é a primeira vez que um reator nuclear tem seu reinício formalmente negado. A Autoridade de Regulação Nuclear foi estabelecida após o desastre de Fukushima em 2011, quando um terremoto de magnitude 9.0 e o subsequente tsunami resultaram em um colapso catastrófico na usina Fukushima Daiichi. Desde então, a regulamentação nuclear no Japão tornou-se uma das mais rigorosas do mundo.
O Caso do Reator nº 2
A análise do reator nº 2 da usina de Tsuruga começou em 2015, com foco principal na avaliação da segurança da falha geológica situada diretamente sob a instalação. Em agosto deste ano, a Autoridade de Regulação Nuclear já havia indicado, com base em um relatório técnico, que não se podia descartar a possibilidade de a falha se mover no futuro. Esse risco, segundo o órgão, inviabiliza a operação segura do reator.
Durante a reunião desta quarta-feira, foram discutidos 282 comentários públicos sobre o relatório preliminar. Apesar de algumas críticas, como a de que a reprovação não deveria ser baseada unicamente em possibilidades remotas, o órgão manteve sua posição. A Autoridade respondeu enfaticamente que não poderia ignorar os riscos potenciais.
Implicações para a operadora
A Companhia de Energia Atômica do Japão, operadora da usina de Tsuruga, expressou sua intenção de solicitar uma nova rodada de verificações. No entanto, a Autoridade de Regulação Nuclear destacou que qualquer nova solicitação deverá abranger não apenas a questão das falhas geológicas, mas também todos os padrões de segurança nuclear exigidos. Esse processo é fundamental para garantir que a usina atenda aos rigorosos critérios estabelecidos após o desastre de Fukushima.
Esforços de reforço e futuro incerto
Desde 2020, o reator nº 2 passou por diversas avaliações e obras de reforço. Essas medidas incluíram atualizações nos sistemas de resfriamento e nas barreiras de contenção, além de outras melhorias estruturais. Embora essas reformas tenham sido concluídas, elas ainda não foram suficientes para tranquilizar a Autoridade Reguladora sobre o risco geológico subjacente.
A reprovação não apenas levanta questões sobre a viabilidade econômica da usina, mas também coloca em destaque o desafio do Japão em equilibrar suas necessidades energéticas com a segurança nuclear. O país tem se esforçado para reduzir sua dependência de combustíveis fósseis e cumprir metas de neutralidade de carbono, mas incidentes como este demonstram a complexidade de alcançar esses objetivos.
Impacto na política energética do Japão
A decisão de reprovar o reinício do reator nº 2 de Tsuruga terá implicações significativas para a política energética do Japão. Atualmente, o país enfrenta o desafio de manter um fornecimento de energia estável, especialmente diante do aumento dos preços globais de energia e da pressão para reduzir as emissões de carbono. A energia nuclear, que já representou cerca de 30% da matriz energética do Japão antes do desastre de Fukushima, foi reduzida drasticamente. Hoje, apenas um pequeno número de reatores está operacional.
Apesar disso, o governo japonês continua a ver a energia nuclear como um componente crucial para alcançar suas metas climáticas e garantir a segurança energética. No entanto, casos como o de Tsuruga ressaltam a necessidade de um equilíbrio cuidadoso entre o avanço tecnológico e a segurança pública.
Conclusão
A reprovação do reator nº 2 da usina nuclear de Tsuruga representa um momento decisivo para a regulação nuclear no Japão. Enquanto a Companhia de Energia Atômica do Japão busca resolver as questões levantadas, a decisão da Autoridade de Regulação Nuclear envia uma mensagem clara sobre o compromisso do país com a segurança nuclear. O futuro da usina, e possivelmente de outros reatores em situações semelhantes, dependerá da capacidade das operadoras de atender aos padrões rigorosos estabelecidos.
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Fonte: NHK World Japan